Página:O sertanejo (Volume II).djvu/196

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minado o solo e formado a galeria, pela qual só agachado podia um homem passar.

Lembrou-se Arnaldo, que a meio do corredor ouvira o eco de vozeria que lhe pareceu dos acostados e bandeiristas; do que induziu que estava embaixo do quartel. Foi essa lembrança que o levou naquela tarde a examinar de novo a galeria e estudar a sua direção.

Verificou sua primeira suspeita. O corredor passava por baixo do quartel e ao lado do calabouço. Cavando uns palmos à sua esquerda, deu com a muralha da cisterna, e sem mais demora começou a arrancar a argamassa com a ponta da faca e a tirar os tijolos.

À meia-noite estava concluído o seu trabalho e feita a brecha. Mal tirara o último tijolo sentiu um sôpro nas faces e o contacto de uma mão forte, como a garra de uma onça. Anhamum ouvira o rumor, percebera a natureza do trabalho, e sem compreender a quem devia a salvação esperou-a.

Arnaldo conduziu o selvagem fora da caverna sem trocar uma palavra, alí apontou-lhe a floresta, pronunciando uma palavra tupí:

Taigoara!