Página:O sertanejo (Volume II).djvu/240

Wikisource, a biblioteca livre

A casa principal acabava de fechar-se; e das portas e janelas apenas escapavam-se pelos interstícios umas réstias de luz, que iam a pouco e pouco extinguindo-se.

Nesse momento um vulto oscilou na sombra, e coseu-se à parede que olhava para o nascente.

Era Arnaldo.

Resvalando ao longo do oitão, chegara à janela do camarim de D. Flor, e uma fôrça irresistível o deteve alí. No gradil das rótulas rescendia um leve perfume, como se por alí tivesse coado a brisa carregada das exalações da baunilha. Arnaldo adivinhou que a donzela antes de recolher-se, viera respirar a frescura da noite e encostara a gentil cabeça na gelosia, onde ficara a fragrância de seus cabelos e de sua cútis assetinada.

Então o sertanejo, que não se animaria nunca a tocar êsses cabelos e essa cútis, beijou as grades para colhêr aquela emanação de D. Flor, e não trocaria de-certo a delícia dessa adoração pelas voluptuosas carícias da mulher mais formosa.

Aplicando o ouvido percebeu o sertanejo no interior do aposento um frolido de roupas, acompanhado