Página:O sertanejo (Volume II).djvu/51

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nome dado pelos vaqueiros ao lindo touro. Em vez das largas patas e grossos artelhos dos animais de trabalho, êle tinha as pernas delgadas e o jarrête nervoso dos grandes corredores.

Os chifres não se abriam para diante em vasta curva, mas ao contrário erguiam-se quase retos na fronte como dardos agudos e à semelhança da armação do veado. Esta particularidade indicava que o barbatão não se criara nas várzeas, mas que desde garrote se acostumara a bater as brenhas mais espêssas e a atravessar os bamburrais emaranhados.

Azara refere ter visto no Paraguai muitos exemplares desta espécie de chifres verticais e direitos, a que alí dão o nome de chivos.

O Dourado trazido pelos fábricas de José Bernardo, havia parado no meio da várzea. Em sua atitude garbosa, reconhecia-se a altivez do touro bravio, filho indômito do sertão, nascido e criado à lei da natureza. Tinha êle a majestade selvagem das feras, que percorrem livres o deserto e não reconhecem o despotismo do homem.

Com o pescoço curvo e a fronte alçada, o touro lançava aos cavaleiros um olhar de desafio, batendo o costado com a ponta da cauda arqueada,