Página:O sertanejo (Volume II).djvu/72

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como para descansar um momento, e dava todas as mostras de fatigado.

Era um boi astuto e manhoso, o Dourado. Êle sabia que estava cercado, e embora não tivesse perdido a esperança de escapar-se, contudo receava encontrar por diante homens armados de varas que lhe embargassem o passo. Assim tinha por mais prudente cansar primeiro os cavalos e para isso fingia-se êle estafado, a fim de exercitar os campeadores a apertar a carreira na esperança de o pegar.

Entretanto, D. Flor aproximara-se de Arnaldo. A donzela, como sua mãe, não tinha agradecido ao mancebo o ato de destreza com que lhe salvara a vida. Era isso um fato natural, e que não lhes granjeara nenhuma gratidão; ambas conheciam a dedicação do filho da Justa, e recebiam dele essas provas de amizade, como as receberiam de um parente, de uma criatura sua.

A donzela, porém, lembrou-se que Arnaldo conservava um ressentimento dela, desde a noite do mimo, em que talvez fôra injusta; e aproximou-se para com uma palavra meiga e afetuosa aplacar seu ânimo suscetível e ríspido.

Mas no momento em que chegava a seu lado,