Página:O sertanejo (Volume II).djvu/88

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o trilho, certo de que já não lhe escapava. Com efeito, ao cabo de um estirão de carreira impetuosa, o destemido vaqueiro alcançou o barbatão e pôs-lhe a mão sôbre a cauda; mas não quis derrubá-lo. Êle tratava o Dourado com a gentileza que os cavaleiros usavam outrora no combate; a derruba era uma afronta que não infligiria a um corredor de fama como aquele.

Emparelhou o sertanejo seu cavalo com o boi, e passando o braço pelo pescoço dêste, continuaram assim a corrida por algum tempo ainda. Afinal o boi parou; conheceu que fugia debalde: já tinha na cabeça o laço que o vaqueiro lhe passara rapidamente.

Arnaldo prendendo a ponta do laço ao arção da sela, tirou o boi para o limpo, a fim de orientar-se e ver o rumo em que ficava a colina escolhida para ponto de parada da comitiva. Surpreendeu-o a impassibilidade do Dourado, que permanecia grave e taciturno.

Estava o sertanejo muito acostumado a ver a fôrça moral do homem dominar não só o boi, como outras feras mais bravias, a ponto de abater-lhes de todo a resistência. Mas ainda não tivera exemplo daquela indiferença. O barbatão