Página:O sertanejo (Volume II).djvu/92

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a D. Flor, e afirmava o seu império sôbre toda a criação.

O moço sertanejo bateu o isqueiro e acendeu fogo num toro carcomido, que lhe serviu de braseiro para quentar o ferro; e enquanto esperava, dirigiu-se ao boi nestes têrmos e com um modo afável.

— Fique descansado, camarada, que não o envergonharei levando-o à ponta de laço para mostrá-lo a toda aquela gente! Não, ninguém há de rir-se de sua desgraça. Você é um boi valente e destemido; vou dar-lhe a liberdade. Quero que viva muitos anos, senhor de si, zombando de todos os vaqueiros do mundo, para um dia, quando morrer de velhice, contar que só temeu a um homem, e êsse foi Arnaldo Louredo.

O sertanejo parou para observar o boi, como se esperasse mostra de o ter êle entendido, e continuou:

— Mas o ferro da sua senhora, que também é a minha, tenha paciência, meu Dourado, êsse há de levar; que é o sinal de o ter rendido o meu braço. Ser dela, não é ser escravo; mas servir a Deus, que a fez um anjo. Eu também