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SCENA IV.

VENADORO .

Ó ribeiras tão formosas,
Valles, campos pastoris,
Porque vos não revestis
De novas flores e rosas,
Se minha gloria sentis?
Porque não seccais, abrolhos?
E vós, ágoa, que regando,
Os olhos his alegrando,
Correi, que tambem meus olhos
D’alegres estão manando.
Ah pastora, em quem espero
Poder viver descansado!
Comtigo guardarei gado,
Que ja eu sem ti não quero
Nenhuma alteza d’estado.
Diga o que quizer a gente,
Tudo terei n’huma palha,
Porque está claro e evidente
Que não ha honra que valha
Contra a vida descontente.

SCENA V.

Tres pastores bailando, e cantando de terreiro, diante do pastor, que traz Florimena.

PASTOR.

Pues el amor os obliga
Á que hagais tan buena liga,