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PROPRIO.
Se de meu mal me contento,
He porque para vós vejo
Em todo o mundo desejo,
E em ninguem merecimento.
Volta.
Para quem vos soube olhar
Tão impossivel foi ser
O poder-vos merecer,
Como o não vos desejar.
Pois logo a meu pensamento
Nenhum remedio lhe vejo,
Senão se der o desejo
Azas ao merecimento.
ALHEIO.
Vós, Senhora, tudo tendes,
Senão que tendes os olhos verdes.
Voltas.
Dotou em vós natureza
O summo da perfeição;
Que o qu’em vós he senão,
He em outras gentileza:
O verde não se despreza,
Que, agora que vós os tendes,
São bellos os olhos verdes.
Ouro e azul he a melhor
Côr, por que a gente se perde;
Mas a graça desse verde