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Oh quanto melhor fôra que dormissem
Hum somno perennal
Estes meus olhos tristes, e não vissem
A causa de seu mal
Fugir, a hum tempo tal,
Mais que d'antes proterva,
Mais cruel que ursa, mais fugaz que cerva!
Ai de mi, que me abrazo em fogo vivo,
Com mil mortes ao lado;
E quando morro mais, então mais vivo!
Porque tẽe ordenado
Meu infelice fado,
Que quando me convida
A morte, para a morte tenha vida.
Secreta noite amiga, a que obedeço,
Estas rosas (por quanto
Meus queixumes me ouviste) te offereço,
E este fresco amaranto,
Humido ja do pranto,
E lagrimas da esposa
Do cioso Titão, branca e formosa.
ODE II.
Tão suave, tão fresca e tão formosa,
Nunca no ceo sahio
A Aurora no princípio do verão,
Ás flores dando a graça costumada,{364}
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