Página:Obras de Manoel Antonio Alvares de Azevedo v1.djvu/235

Wikisource, a biblioteca livre

Viu-se um mancebo loiro que morria...
Semblante feminil, e formas débeis,
Mas nos palores da espaçosa fronte
Uma sombria dor cavara sulcos.
Corria sobre os lábios alvacentos
Uma leve umidez, um ló d'escuma,
E seus dentes a raiva constringira...
Tinha os punhos cerrados... Sobre o peito
Acharam letras de uma língua estranha...
E um vidro sem licor — fora veneno!...

Ninguém o conheceu: mas conta o povo
Que, ao lançá-lo no túmulo, o coveiro
Quis roubar-lhe o gibão, despiu o moço...
E viu... talvez é falso... níveos seios...
Um corpo de mulher de formas puras...

VII

Na tumba dormem os mistérios d'ambos:
Da morte o negro véu não há erguê-lo!
Romance obscuro de paixões ignotas,