Página:Obras de Manoel Antonio Alvares de Azevedo v1.djvu/265

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Goza pelo nariz e pelos olhos,
Pelas mãos, pela boca... e faz focinho
E bate a língua ao paladar gostoso
Ao celeste sabor de um bom pedaço!

Depois! era bonito! Frei Gregório
Co'a boca de gordura reluzente,
Farto de vinho, esquece o reumatismo,
Esquece a erisipela já sem cura,
Canta rondós e dança a tarantela...
Arrasta-se caindo e se babando
Aos pés da taverneira. De joelhos
Faz-lhe a corte, cantando o Miserere,
Principia sermões, engrola textos,
E a gorda mão estende ao nédio seio
Da bela mocetona... a mão lhe beija,
A mão que o cetro cinge de vassoura...
Chora, soluça e cai, estende os braços,
Ainda a chama e cantochão entoa...

Era de rir! os velhos amorosos,
Uns de joelhos no chão, outros cantando
Estendidos na mesa entre os despojos,
Outros beijando a moça, outros dormindo...
E ela no meio delambida e fresca
Excita-os mutuamente e os rivaliza,