Página:Obras de Manoel Antonio Alvares de Azevedo v2.djvu/240

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alma, dando-lhe beijos. Eu saí dali. No outro dia de manhã voltei. A casa estava fechada. Bati. Não me responderam. Entrei:- uma mulher saiu-me ao encontro. Perguntei-lhe pela outra. Silencio! me disse a velha.-Está deitada ali no chão Morreu esta noite E com um ar cínico - "Quereis vê-la? está nua vão amortalhá-la".

Satan: Na verdade, é singular. E o nome dessa mulher?

Macário: Esqueci-o. Talvez amanhã eu t'o diga: amanhã ou depois, que importa um nome? E contudo essa misérrima com quem deitei-me uma noite, que pretendia ter o segredo da virgindade eterna de Marion Delorme, que me falava de amanhã com tanta certeza, que mercadejava sua noite de amanhã como vendera segunda vez a de seu hoje, e que de certo morreu pensando nos meios de excitar mais deleite, na receita da virgindade eterna que ela sabia como a antiga Marion Delorme, essa mulher que esqueci como se esquecem os que são mortos, me fez ainda agora estremecer.

Satan: E quem sabe se aquela mulher, a cujo lado estiveste não era a ventura?

Macário: Não te entendo.

Satan: Quem