Página:Obras de Manoel Antonio Alvares de Azevedo v2.djvu/244

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Macário: Meu peito se exauriu. Meus lábios não podem transbordar estes mistérios.

Satan: Era pois muito medonho o que vias? Levanta-te daí.

Macário: Não posso: quebrou-se meu corpo entre os braços do pesadelo. Não posso.

Satan: Liba esse licor: uma gota bastaria para reanimar um cadáver.


Macário (toca-o nos lábios): Que fogo! meu peito arde. Ah! ah! que dor!

Satan: Não sabes que para o metal bruto se derreter e cristalizar é míster um fogo ardente, ou a centelha magnética ?

Macário: Que sonho! Era um ar abafado-sem nuvens e sem estrelas!-Que escuridão! Ouvia-se apenas de espaço a espaço um baque como o de um peso que cai no mar e afunda-se . Às vezes vinha uma luz, como uma estrela ardente, cair e apagar-se naquela lagoa negra Depois eu