Página:Obras de Manoel Antonio Alvares de Azevedo v2.djvu/261

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que não importa: nem mais nem menos que as Mil e Uma Noites. Um dia deu-me à lua para virar a cabeça de uma moca. Meti-me no paletó de um mancebo; pálido, alumiado de seus sonhos de poeta, transbordando de orgulho-no mais nem feio nem bonito, tinha olhos pardos, o cabelo longo em anéis e a barba luzente como cetim. O moço tinha uma amante. Era uma moca bonita, morena, de olhos muito lânguidos e muito úmidos; o que tinha de mais melindroso era a boquinha de rosa e mãozinhas as mais suaves do mundo.

Macário: Tua história é velha como o dilúvio. É difusa como um folhetim.

Satan: Estás massante como Falstaff bêbedo. não importa Quero alegrar-te um pouco. A história é divertida. Podia-se bem torneá-la num volume em 8° com estampas e retrato do autor, com a competente carta-prólogo de moda.-Mas escuta: sou mais fiel que os Sermonistas, serei breve o mais possível.- Ora, a amante tinha uma irmã. Pálida e suave como a mais bela das amantes de Filipe II-era o retrato vivo da Calderona. Eram aquelas pálpebras rasgadas è espanhola, uns olhos negros cheios de fogo meridional, o seio adormecido. Acrescenta a essa imagem que a moça era virgem como um botão de rosa.. Fazia sonhar a amante do rei quando