Página:Obras poeticas de Claudio Manoel da Costa (Glauceste Saturnio) - Tomo II.djvu/174

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Paulo a tomar alguma inteligência dos seus parentes sobre o estado em que se achava o seu crime; estes lhe facilitaram o acesso ao Governador Artur de Sá e Menezes, recentemente chegado àquela Capitania; falou-lhe Artur de Sá com afabilidade e lhe prometeu o perdão em nome d'El-Rei, contanto que ele fizesse certo o descobrimento que denunciava do Rio das Velhas.

Bem se pode considerar o estado em que se achariam as Minas por todo este tempo, em que só o despotismo e a liberdade dos facinorosos punham e revogavam as leis a seu arbítrio. O interesse regulava as ações, e só se cuidava em avultar em riquezas, sem se consultarem os meios proporcionados a uma aquisição inocente. A soberba, a lascívia, a ambição, o orgulho e o atrevimento tinham chegado ao último ponto.

Aprestado o Borba, e socorrido de muitos parentes e amigos, acompanhou a Artur de Sá, chegou ao Rio das Velhas; deu ao manifesto este descobrimento, e se fez digno, pela grandeza das suas faisqueiras, que o Governador o premiasse com a patente de Tenente-General de uma das praças do Rio de Janeiro.

Pouco tempo se demorou Artur de Sá no Rio das Velhas; lavrado o mais fácil daqueles ribeiros, se retirou outra vez para São Paulo, substituindo-lhe uma espécie de jurisdição no Cível e no Crime o Mestre de Campo dos Auxiliares, Domingos da Silva Bueno, Guarda-Mor das Repartições das Terras e Datas Minerais, criado pelo mesmo Governador.

Com a ausência de Artur de Sá, como corpo sem