Página:Obras poeticas de Claudio Manoel da Costa (Glauceste Saturnio) - Tomo II.djvu/212

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Como dos índios seus à pressa fora
Sepultado, fugindo os mais; e agora
Reconhece o sinal na Cruz bendita,
O autêntico padrão mais acredita
Vizinho um tronco, à mão cortado, aonde
De ordem do mesmo Borba corresponde
Outra Cruz à memória deste oficio.
Celebrou-se o devoto sacríficio
Junto ao sepulcro; e as últimas piedades,
Pela mão de Faria, as saudades
Temperaram do Morto, consoladas
As memórias de sangue inda banhadas.
Urnas fastosas, que cobris no Egito
Heróis famosos, sobre vós escrito
Viva embora o epitáfio, que em memória
Dos Ptolomeus inda respira a glória!
Sobra ao bom General, sobra a Rodrigo
Da nua areia o mísero jazigo;
A vida pelo Rei sacrificada
Basta a deixar a sepultura honrada!

Magoado deste objeto se cansava
O Herói, e já partir dali pensava,
Mas o deteve e lhe cortou o passo,
Convalescido da ferida, Argasso
(Este era o nome do índio); em companhia
Vinha da sentinela, a quem pedia
Que à presença do Herói o conduzisse;
Como acaso a seu lado então não visse
A Garcia, falou mais animado:
De traidor e aleivoso sou culpado,
Magnânimo Albuquerque; ouve-me, atende,
Saberás que o meu braço não te ofende,
Nem se conspira contra os teus; a dura