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Página:Obras poeticas de Claudio Manoel da Costa (Glauceste Saturnio) - Tomo II.djvu/245

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De vários caracteres peregrino
[De ouro, de diamantes circulado]
Jeroglífico ali se vê gravado,
Onde a letra em três riscos dividida
Tinha estampa entre as outras mais luzida.

Do formoso espetáculo no meio,
De júbilos Garcia se vê cheio;
As Ninfas o entretêm, Eulina o prende,
De Itamonte a grandeza mal entende,
E do Moço qual vê rasgando o peito
Não sabe a história; que se o doce efeito
Provado houvesse do gostoso fruto
Que encontrara na Hespéria o Grego astuto,
De si, dos companheiros se esquecia,
E transportado em outro já se via.

Com a voz descansada lhe falava
O bom velho Itamonte: e pois que a brava
E inculta região das pátrias Minas
Tens pisado, ó Garcia, de ti dignas
Sejam tuas ações; tu te atreveste
Primeiro que outro algum; e tu pudeste
Romper os matos, franquear o passo
Do não tentado Rio; o Fado escasso
Contigo não será, tendo encoberto
Por mais tempo o País que traz incerto
O teu grande Albuquerque; ele procura
Erguer a Capital, aonde a escura
Sombra de um sonho lhe propôs defronte
O carregado aspecto de Itamonte.
Neste sítio ele está; ali se ajunta
Com os fortes Pereiras, e pergunta
Por ti: o pátrio Gênio o tem guiado;
Deu-lhe a mão, lá opôs, ali prostrado
Ele vê a seus pés esse que há pouco,