Página:Obras poeticas de Claudio Manoel da Costa (Glauceste Saturnio) - Tomo II.djvu/260

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E Elpinira também, que já presente
Crê a ventura que esperava ansiosa.
Três dias pede Argante, e a insidiosa
Idéia lhe propõe um torpe meio
De executar o dano sem receio.
Manda alimpar a estrada, funda cava
Faz abrir no mais plano, que abarcava
Ambas as margens; desde o centro ao alto
Mete a aguçada estaca, e quanto falto
De terra está cobre de ramo brando;
Sobre ele moles folhas vai deitando,
Que a mesma terra entaipa, e já figura
A superfície igual, e limpa, e pura.

Chega a terceira Aurora; desde a Aldeia
Alegres vêm saindo, e os lisonjeia
Argante, tendo em fronte aparelhado
Do lugar da traição o costumado
Baile, com que na paz se festejavam
De muitos dos seus índios. Já pisavam
A estrada os dois amantes: o Pai vinha
De um lado, e de outro lado da mão tinha
Blázimo presa a idolatrada Esposa
(Que alegre vista, que ilusão faustosa!).
Todos diante vêm; este o costume
É da nação; nem teme, nem presume
Algum dos três, e inda o povo todo,
A urdida morte por tão novo modo.

Com Argante e seus índios se avistavam,
Em vivas desde longe se saudavam.
Infelizes (que dor!) as plantas punham
Sobre a coberta cava, e já supunham
Que os braços ao amigo se estendiam,
Quando passados os seus peitos viam