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ODYSSÉA

LIVRO I

 

Canta, ó Musa, o varão que astucioso,
Rasa Ilion santa, errou de clima em clima,
Viu de muitas nações costumes varios.
Mil transes padeceu no equoreo ponto,
Por segurar a vida e aos seus a volta;5
Baldo afã! pereceram, tendo insanos
Ao claro Hyperioneo os bois comido,
Que não quiz para a patria alumial-osa
Tudo, ó prole Dial, me aponta e lembra.

Da guerra e do mar sevo recolhidos10
Os que eram salvos, um por seu consorte
Calypso, nympha augusta, appetecendo,
Separava-o da esposa em cava gruta.
O Céo, porem traçou, volvendo-se annos,
De Ithaca reduzil-o ao seio amigo,15
Onde novos trabalhos o aguardavam:
De Ulysses condoiam-se as deidades;
Mas, sempre infenso, obstava-lhe Neptuno,
Este era entre os Ethiopes longinquos,
Do oriente e occidente ultimos homens,20
Num de touros e ovelhas sacrificio
A deleitar-se; e estavam já no alcaçar
Do Olympo os habitantes em concilio.
O soberano, a recordar Egistho
Do Agamemnonio Orestes immolado,25