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LIVRO XI

 

Deitado ao mar divino o fresco lenho,
Dentro as hóstias, o mastro e o pano armados,
Em tristissimas lágrimas partimos.
Bom socio, enfuna e sopra o vento em popa,
Que invoca a deusa de anelado crino.5
Tudo a ponto, abancamo-nos entregues
Ás auras e ao piloto; sempre á vela,
Sobre a tarde, os caminhos se obumbravam,
E aos fins chegamos do profundo Oceano.
Lá dos Cimérios de caligem feia10
Cidade jaz, do Sol ao olho oculta,
Quer ao pólo estelifero se eleve,
Quer descambe na terra: intensa noite
Aos mesquinhos mortaes perpétua reina.

Da nau varada os animais tirando,15
O Oceano abeiramos até onde
Nos indicara Circe. Perimedes,
Mais Euríloco, as vítimas sustinha;
De espada a cova cubital escavo;
De mulso e leite libações vazamos20
Ás mãos ambas, depois de mero vinho,
Terceiras de água, e branco farro mesclo.
Imploro aos oucos manes e prometo,
Em Ithaca immolada a melhor toura,
De dons a pira encher, e ao só Tirésias25