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ORIGEM DAS ESPÉCIES

importância. Vemos a prova no facto de os paleontólogos mais eminentes, tais como Cuvier, Agassiz, Barrande, Pictet, Falconer, E. Forbes, etc., e todos os nossos maiores geólogos, Lyell, Murchison, Sedgwick, etc., terem unânimemente, e muitas vezes com ardor, sustentado o princípio da imutabilidade das espécies. Todavia, sir C. Lyell sustenta actualmente, com a sua grande autoridade, a opinião contrária, e a maior parte dos paleontólogos e dos geólogos estão muito abalados nas suas convicções anteriores. Os que admitem a perfeição e a suficiência dos documentos que a geologia nos fornece rebaterão sem dúvida imediatamente a minha teoria. Quanto a mim, considero os arquivos geológicos, segundo a metáfora de Lyell, como uma história do globo incompletamente conservada, escrita num dialecto sempre modificado, e de que possuimos apenas o último volume tratando de dois ou três países somente. Alguns fragmentos de capítulos deste volume e algumas linhas esparsas de cada página são as únicas chegadas até nós. Cada palavra desta linguagem alterando lentamente, diferindo mais ou menos nos capítulos sucessivos, pode representar as formas que viveram, que estão sepultadas nas formações sucessivas, e que nos parecem sem razão ter sido bruscamente introduzidas. Esta hipótese atenua muito, se não as faz desaparecer por completo, as dificuldades que acabamos de discutir no presente capítulo.