Página:Os Bruzundangas.pdf/117

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que tal dedicação sirva de moldura às qualidades excepcionais do seu marido ou do seu amante. No caso, porém, encarando-o estritamente sob o aspecto da evolução política da Bruzundanga, o seu marido não era mais do que um aventureiro.

É semelhante senhora que lá, naquelas plagas, comparam a Jeanne d'Arc. Admirável!

Por aí, podem os senhores ver de que estofo são os heróis da Bruzundanga; mas há outros.

Como sabem, a Bruzundanga foi, durante um século, império ou monarquia. Há seis ou sete lustros os oficiais do seu exército começaram a ficar descontentes e juntaram-se a outros descontentes civis, que tinham achado para resumir as suas vagas aspirações a palavra república. Começaram a agitar-se e, em breve, tinham a adesão dos senhores de escravos, cuja libertação os fizera desgostosos com o trono da Bruzundanga.

Os amigos do império, vendo que as cousas perigavam, trataram de enfrentar a corrente com decisão e chamaram, para condestável da Bruzundanga, um velho general que vivia retirado nas suas propriedades agrícolas.

Era de crer que semelhante condestável pudesse ser vencido, mas que confabulasse com os inimigos que vinha combater, não era possível admitir! Pois foi o que ele fez. Não sou eu quem o diz; são os seus próprios companheiros. Ainda há meses, recebi um jornal da Bruzundanga, em que um grande e notável fabricante da república de lá contava como as cousas se tinham passado. Narra esse senhor, como o condestável, nas vésperas