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da proclamação da república, enganara aqueles que tinham depositado confiança nele, para servir os contrários. Eis aí os começos de um herói da república dos Estados Unidos da Bruzundanga! Ele, porém, ainda nos merece mais algumas palavras. Este último herói é lá chamado Consolidador da república. Sabem por quê? Porque não consolidou cousa alguma. Não houve mandachuva, pois ele o foi, da Bruzundanga, quem mais desrespeitasse as leis da república. Entender-se-ia que a havia consolidado se o seu governo fosse fecundo dentro das leis da Bruzundanga. Ele, porém, saltou por cima de todas elas e governou a seu talante. Mostrou que as leis da república não prestavam e, longe de consolidá-las, abalou-as nos seus fundamentos. Tal cousa, na hipótese do seu governo ter sido bom e fecundo; mas não o foi. Isto, porém, não nos interessa. Ele é um dos heróis da Bruzundanga que, em falta de um Carlyle, teve um aqui escultor que lhe fez um monumento, ereto em uma das praças da capital, monumento tão curioso que precisa de um guia, de um tratado escrito, para ser compreendido. Arte do futuro; Beyreuth da Bruzundanga.

Outro herói da Bruzundanga é o Visconde de Pancôme. Este senhor era de fato um homem inteligente, mesmo de talento; mas lhe faltava o senso do tempo e o sentimento do seu país. Era um historiógrafo; mas não era um historiador. As suas idéias sobre história eram as mais estreitas possíveis: datas, fatos, estes mesmos políticos. A história social, ele não a sentia e não a estudava. Tudo nele se norteava para a ação política e, sobretudo, diplomática. Para ele (os seus atos