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LIMA BARRETO

E’ semelhante Ministro daquelles mayores de que a «Arte» nos falla, destinados a ensinar-nos como nos livrar dos nossos modestos caixeiros de mercearias ministeriaes.

Não contente com ter dessas cousas, a Bruzundanga possue outras muitas que desejava enumerar todas, pois todas ellas são dignas de apreço e portadoras de ensinamentos proveitosos.

Como não poderiamos aproveitar aquelle caso de um doutor da Bruzundanga, elle mesmo açambarcador de cebolas, que vae para uma commissão, nomeada para estudar as causas da carestia da vida, e propõe que se adoptem leis contra os estancadores de mercadorias?

E’ que este doutor dos mayores de que nos fala o celebre livrinho sabia perfeitamente que não estancava e tinha o habito de reservas mentaes. Não açambarcava, mas alliviava logo uma grande porção de mercadorias para o estrangeiro, por qualquer cousa, de modo que... Le pauvre homme! Podia até illudir o nosso pobre Beckman!

Com este exemplo, os menores daqui poderão ser denunciados por este grandalhão de lá, tão generoso e desinteressado, e o nosso povo poderá livrar-se delles.

Conheci na Bruzundanga um rapaz (creio que está nas «Notas»), de rabona de sarja e ares de familiar do Santo Officio, mas tresandando a Comte, senão a anticlericalismo, que, de uma hora para a outra, se fez reitor do Asylo de Engeitados, apandilhado com padres e frades, depois de ter arranjado um rico casamento ecclesiastico, a fim de vêr se, com o apoio da sotaina e do soli-