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rapidez, proporcionando ao estrangeiro a sensação de que ella é o verdadeiro paraiso terrestre.»

Nesse tom, todos os escriptores, tanto os mais calmos e independentes como os de encommenda, cantar a formosa terra da Bruzundanga.

Os seus accidentes naturaes, as suas montanhas, os seus rios, os seus portos são tambem assim decantados, Os seus rios são os mais longos e profundos do mundo; os seus portos, os mais faceis ao acesso de grandes navios e os mais abrigados, etc., etc.

Entretanto, quem examinar com calma esse dithyrambo e o confrontar com a realidade dos factos ha de achar estranho tanto enthusiasmo.

A Bruzundanga tem carvão, mas não queima o seu nas fornalhas de suas locomotivas. Compra-o á Inglaterra, que o vende por bom preço. Quando se pergunta aos sabios do paiz porque isto se dá, elles fazem um relatorio deste tamanho e nada dizem. Falam em calorias, em teôr de enxofre, em escorias, em grelhas, em fornalhas, em carvão americano, em briquettes, em camadas e nada explicam de todo. Os do povo, porém, concluem logo que o tal carvão de pedra da Bruzundanga não serve para fornalhas, mas, com certeza, pode ser aproveitado como material de construcção, por ser de pedra.

O que se dá com o carvão, dá-se com as outras riquezas da Bruzundanga. Ellas existem, mas ninguem as conhece. O ouro, por exemplo, é tido como uma das fortunas da Bruzundanga, mas lá não corre uma moeda desse metal. Mesmo, nas montras dos cambistas, as que vemos são estrangeiras. Podem ser turcas, abe-