Página:Os Bruzundangas.pdf/80

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cheio, esteja ele vazio, sabem sempre obter fartos e abundantes recursos monetários de um modo de que só eles têm o segredo.. Estes senhores gostam muito da Bruzundanga e são ferozes patriotas.

Mas, como lhes contava, os nobres doutores tratam logo de representar o país em terras estranhas.

Não fazem questão de lugar. Seja no Turquestão ou na Groenlândia, eles aceitam os cargos diplomáticos.

A um, perguntei:

— Mas tu vais mesmo para o Anam?

— Por que não? Não há lá mulheres?

O sonho do jovem diplomático não é ser Talleyrand; é ser Don Juan para uso externo.

Ia até bastante satisfeito, disse-me em seguida, porquanto, lá, não se distinguindo bem a mulher anamita do homem, devia acontecer surpresas bem agradáveis com semelhante "engano d'arma ledo e cego".

A sua aprendizagem para o ofício é simples. Além do corriqueiro francês e os usos da sociedade, os aspirantes a diplomatas começam nos passeios e reuniões da capital da República a ensaiar o uso de roupas, mais ou menos à última moda. Não esquecem nem o modo chicde atar os cordões dos sapatos, nem o jeito ultra fashionablede agarrar a bengala; estudam os modos apurados de cumprimentar, de sorrir; e, quando se os vê na rua, descobrindo-se para aqui, chapéu tirado da cabeça até à calçada para ali, balouçando a cabeça, lembramo-nos logo dos cavalos do Cabo de coupé de casamento rico.

Outra cousa que um recomendável aspirante a