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logo encarregado de negócios na Guatemala. É hoje considerado como um dos luzeiros da diplomacia da Bruzundanga.

Cada mandachuva novo traz sempre em mente aumentar o número de legações, de modo que não há país no mundo em que a Bruzundanga não tenha um batalhão de representantes. Muitos desses países não mantêm, com a curiosa república que venho descrevendo, relações de espécie alguma; mas, como é preciso mandar alguns filhos de "figurões" para o estrangeiro, a munificência dos poderes públicos não trepida em criar nelas legações dispendiosas. Há lá até quem reze para que certos países se desmanchem e surjam da separação novos independentes, permitindo o aumento de legações.

Os rapazes, que vão para elas, saem do país muito bons rapazinhos, às vezes mesmo mais ricos de influência que de dinheiro; quando, porém, de lá voltam, só porque viram o emir de Afganistão ou o sultão de Baçora, acreditam-se da melhor nobreza... certamente muçulmana.

Os seus modos são outros, os seus gestos estudados, pisam à última moda do centro da Ásia e encetam a conversa sobre qualquer cousa, começando sempre assim:

— Estava eu em Cabul, quando a mulher do ministro russo...

Cabul soa aí como se fosse Paris, Londres ou Roma e os seus auditores consentem em admitir que a capital de Afganistão seja mesmo um depósito de elegâncias superiores.