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Em geral, eles esperavam ser escolhidos para a comissão dos vinte e um que tinha de redigir o projeto da futura lei básica, e era justo que tivessem semelhante preocupação absorvente:

— Qual a constituição que devemos imitar?

Votado o regimento interno da grande assembléia e tomadas todas as outras disposições secundárias, a comissão dos vinte e um membros, encarregada de redigir o projeto, foi escolhida; e, em reunião, houve entre os seus membros caloroso debate a respeito de quem deveria ser o relator ou os relatores.

Escolheram, afinal, três sumidades: Felício, Gracindo e Pelino, todos eles — ben— qualquer cousa.

O resto pôs-se a descansar e os três, em sala separada, no dia seguinte, juntaram-se e trataram dos moldes em que devia ser elaborada a nova Magna Carta.

Pelino foi de parecer que a constituição futura devia ser vazada no cadinho em que fora a do país dos Houyhhnnms.

— É um país de cavalos! exclamou Gracindo.

— Que tem isto? retrucou Pelino. Nós somos bastante parecidos com eles.

— Não, não queremos, objetaram os dois outros.

— Então, como vai ser? perguntou Pelino. Se não querem à moda dos cavalos, não podemos achar outro modelo, pois o país dos camelos não tem constituição.

— Façamos a constituição aos modos da de Lilliput, fez Felício.

— Não me serve! exclamou Pelino. Semelhante gente não pesa, é muito pequena!