nho o teu genio, para esgotar a minha eloquencia diante da primeira figura de mulher que me appareça.
—E a respeito das tuas prevenções?
—Nada pude decidir.
—Pois eu já decidi. Acho-a cada vez mais adoravel.
—Ah!
—Sabes que estive com ella esta manhã?
—Sim?! Hum!—disse Jorge com evidente constrangimento.
—É verdade. Fallei-lhe e, já se sabe, não me descuidei de advogar a minha causa.
—Ah! sim? E então?…
—E então…, apesar de uma certa esquivança nas respostas que obtive, quer-me parecer que não tenho razão de queixa.
—Bem, bem.
—Emfim, certas recordações de infancia… como sabes…
—Ah! ella recorda-se da infancia?
—Ora, como queres que ella se não recorde?
—Sim, é natural—concordou Jorge, fingindo bocejar, mas com suspeitas contracções nervosas.
E estendendo subitamente a mão ao irmão, acrescentou:
—Boa noite, Mauricio. É tarde e eu tenho somno. Adeus.
E de facto Jorge deitou-se, deixando em paz os livros, mais cedo do que costumava. Se dormiu é que não sabemos.
Mauricio dormiu com certeza melhor do que elle.
Embalava-o a vaidosa persuasão de que havia impressionado Bertha. Tinha Mauricio este defeito de suppôr que eram promptas e profundas as impressões que produzia no animo das mulheres. Defeito este vulgar, e que ainda não é dos que dão de si mais serias consequencias.