veitar na vida, e aqui o que ha de elle fazer? Depois a companhia d'aquelles primos!...
Jorge separou-se de Thomé, sem que se occupasse n'aquella noite do assumpto habitual das suas conferencias.
Ao sahir, mais cêdo do que o costume, atravessou uma sala aonde Bertha costurava á luz de um candieiro.
Ao vêl-o passar, Bertha estendeu-lhe familiarmente a mão, dizendo com um sorriso affectuoso:
— Retira-se muito cêdo hoje; durou pouco a lição.
— Ás vezes é quando mais se aprende — respondeu-lhe Jorge, com mal disfarçada ironia.
— E até quando? — proseguiu Bertha, parecendo não attentar no sentido da resposta. — Ha já bastante tempo que não o viamos.
— Até... até cêdo.
— O snr. Mauricio vejo-o mais vezes... ainda hontem ahi passou.
— Sim — disse Jorge com um malicioso sorriso — Mauricio tem essa habilidade, de ser visto todos os dias por as mulheres bonitas da terra.
Bertha olhou admirada para Jorge; feriam-n'a aquellas respostas sêcas e sarcasticas, que não esperava ouvir-lhe.
— Então dá-se ao trabalho de se mostrar a todas? — perguntou ella sem desviar os olhos.
— Sim, provavelmente — tornou Jorge no mesmo tom — e parece que todas se dão ao trabalho de lhe apparecer.
— Ah!
E Bertha calou-se; fixou os olhos na costura e pareceu até esquecer-se da presença de Jorge na sala.
Este finalmente despediu-se, estendendo a mão a Bertha.
— Boa noite, Bertha.
Sem levantar os olhos da costura e portanto sem lhe corresponder ao gesto de despedida, Bertha respondeu:
— Boa noite, snr. Jorge.
— Offendeu-se — pensava Jorge ao retirar-se — então