Ao outro dia pela manhã, estava Mauricio apparelhando por as proprias mãos o cavallo favorito, quando Jorge foi ter com elle.
— Tencionas ir hoje ao Cruzeiro? — perguntou Jorge.
— Talvez passe por lá. Porquê?
— Porque n'esse caso podias poupar-me o trabalho de lhes mandar convite especial para o jantar d'ámanhã.
— O jantar de ámanhã!?
— Sim; o pae insiste em celebrar com um jantar a chegada de Gabriella, e bem vês que não é possivel deixar de convidar os do Cruzeiro, ainda que, por minha vontade, os deixaria quietos no seu antro.
— Eu os convidarei. D'esses me incumbo. E a outra parentela?
— Mandar-se-hão cartas.
— Um jantar na Casa Mourisca! Ó sombras dos nossos antepassados, folgae!
— Estremecei, dize antes, que mais razão teem para isso.
— Estes velhacos não deitaram hontem de comer a este pobre animal — observou Mauricio, afagando o cavallo.
— Seria uma prova de affeição que lhe dariamos se lhe proporcionassemos occasião para mudar de dono — murmurou Jorge, sorrindo.
Pouco depois, Mauricio montava e partia a trote para o Cruzeiro.
A casa do Cruzeiro, solar dos asselvajados primos