Página:Os Fidalgos da Casa Mourisca (I e II).pdf/182

Wikisource, a biblioteca livre
XV


Ao outro dia pela manhã, estava Mauricio apparelhando por as proprias mãos o cavallo favorito, quando Jorge foi ter com elle.

— Tencionas ir hoje ao Cruzeiro? — perguntou Jorge.

— Talvez passe por lá. Porquê?

— Porque n'esse caso podias poupar-me o trabalho de lhes mandar convite especial para o jantar d'ámanhã.

— O jantar de ámanhã!?

— Sim; o pae insiste em celebrar com um jantar a chegada de Gabriella, e bem vês que não é possivel deixar de convidar os do Cruzeiro, ainda que, por minha vontade, os deixaria quietos no seu antro.

— Eu os convidarei. D'esses me incumbo. E a outra parentela?

— Mandar-se-hão cartas.

— Um jantar na Casa Mourisca! Ó sombras dos nossos antepassados, folgae!

— Estremecei, dize antes, que mais razão teem para isso.

— Estes velhacos não deitaram hontem de comer a este pobre animal — observou Mauricio, afagando o cavallo.

— Seria uma prova de affeição que lhe dariamos se lhe proporcionassemos occasião para mudar de dono — murmurou Jorge, sorrindo.

Pouco depois, Mauricio montava e partia a trote para o Cruzeiro.

A casa do Cruzeiro, solar dos asselvajados primos