Página:Os Fidalgos da Casa Mourisca (I e II).pdf/237

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— Mas deve confessar que são bellas e boas arvores essas!

— Algumas; outras são inuteis e damninhas, e fariam muito bem se cedessem o logar a melhor e mais productiva cultura. Agora outra pergunta: e Bertha ama a Mauricio?

Jorge córou a esta pergunta e evidentemente contrariado respondeu apenas:

— Talvez.

A baroneza ia a insistir, quando o colloquio foi interrompido pela voz do padre procurador pedindo licença para entrar.

Frei Januario entrou tossindo e assuando-se de uma maneira particular, que para quem o conhecesse era indicio claro de uma grave preoccupação de espirito.

— Então, snr. frei Januario, como se tem dado n'estas ruinas? — perguntou-lhe a baroneza com a amabilidade de dona de casa.

— Excellentemente, minha senhora. Então até direi a v. exc.ª que ha muito tempo não dei com um cozinheiro que melhor atinasse com o meu paladar.

— Sim? O Gavião merece-lhe esse conceito? Se o rapaz o sabe! É capaz de se me estragar de vaidade. Não o gabe na presença. Recommendo-lhe toda a discrição, snr. frei Januario. Olhe lá.

— Mas é que é verdade o que eu digo. Que lhe pareceu a v. exc.ª aquelles bifes hoje ao almoço? Olhe que aquelles bifes!... Não lhe digo nada! O rapaz é geitoso. Mas deixemos isso. Tracta-se de uma coisa que me dá cuidado.

— Então que é? — perguntou a baroneza, recostando-se — Não quer sentar-se, snr. frei Januario?

O padre puxou uma cadeira, sentou-se e tornou a tossir e a assuar-se.

— O snr. D. Luiz — disse elle, interrompendo-se a cada momento — emfim... eu ha tempos a esta parte ando assim a modo de doido....

— Vamos, snr. frei Januario, solte a grande novidade que nos traz debaixo do capote. Depois fará os commentarios, que entenderemos e apreciaremos melhor.