e quaes os meios que adopto. As suas crenças e opiniões devem soffrer com isso.
— E a mim que me importa? — tornou o padre impaciente — A final de contas, a casa é sua e não minha. O mal que fizer mais o ha de sentir do que eu.
— Não depõe muito a favor da sinceridade do seu affecto á minha família esse dizer. Eu queria antes vêl-o oppondo-se energicamente á administração viciosa que principiei.
O padre não tinha coragem para tomar conta da gerencia da casa sob a inspecção de Jorge, a quem tomára um mêdo excessivo; tentava porém colorir airosamente a proposta que alli viera fazer.
A baroneza interpellou-o muito terminantemente.
— A sua posição n'esta casa, snr. frei Januario, e as exigencias moraes do seu caracter e da sua missão traçam-lhe distinctamente o caminho que deve seguir. Ou entende na sua consciencia que póde fazer mais e melhor do que Jorge, e n'esse caso deve obedecer ao tio Luiz, ou tem a convicção contraria e só então é admissivel a sua proposta, mas depois de confessar com franqueza e lealdade o motivo d'ella.
O padre torceu-se, balbuciando:
— Eu não digo... isto é... quero dizer... no estado em que as coisas estão... no pé em que as puzeram.... Sim... cada qual tem lá o seu systema... e eu... sim, v. exc.ª bem sabe....
— Deixemo-nos d'isso. Claro, claro. Notou alguns defeitos na administração do primo?
— Defeitos... defeitos... não digo defeitos....
— Mereceu-lhe alguns reparos? Seja franco. Não se admittem palavras ambiguas.
— Não, minha senhora, eu não tenho reparos a fazer... quero dizer....
— Achou-a boa?
— Sim... achei... isto é....
— Parece-lhe que não é capaz de fazer melhor?
— Não tenho vaidades....
— Tem medo de estragar o bem que está feito?
— Todos podem errar... emfim....