uma pessoa e... quando me contaram o que se passou em sua casa, com aquelles vadios de seus primos, e em que o menino...
— Oh! não fallemos n'isso, snr.ª Luiza, que não vale a pena.
— Se não vale!... Olhe que não fui eu só que chorei. E Bertha?
— Ah! sinto devéras ter sido motivo de um desgosto para Bertha — disse Jorge no tom de que habitualmente usava fallando d'ella.
Bertha não pôde responder.
— Desgosto? — acudiu Luiza — Ora essa! Antes ella deve agradecer-lhe; e querem vêr que ainda o não fizeste, Bertha?
A confusão de Bertha augmentou com esta arguição da mãe.
Jorge atalhou:
— Eu é que me esqueci de pedir a Bertha perdão por haver dado ensejo, com os meus actos, a que o seu nome andasse por bôcas de pessoas a todos os respeitos indignas de pronuncial-o. Coisas minhas; ando tão alheio ao tracto do mundo, que a cada passo caio n'estas imprudencias, e sacrifico os outros, sem o querer. Bertha tem razão para estranhar este caracter bravio; mas espero que me perdoará.
Bertha ia a responder, mas era tal a sua commoção, augmentada pelo modo por que Jorge dissera estas palavras, que sentiu não lhe ser possivel formular uma resposta; os olhos inundaram-se-lhe de lagrimas e o rosto trahiu-a.
Levantando-se agitada, sahiu da sala em silencio, como se precisasse de estar só para desafogar em lagrimas a oppressão que a angustiava.
Luiza viu-a sahir e ficou admirada. Olhou para Jorge com estranheza, olhou para a porta, como se não soubesse explicar a scena a que assistira.
— Estas raparigas teem uns modos! Já viram uma coisa assim?! — murmurou ella, passada a primeira surpreza. — Queira perdoar, snr. Jorge.