Página:Os Fidalgos da Casa Mourisca (I e II).pdf/367

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ria de certo n'esta occasião, em que lhe não falta que fazer em casa.

— Pois que ha por lá?

— Os preparativos do casamento d'ella.

— Do casamento de... quem?!

— De Bertha.

A baroneza ficou d'esta vez verdadeiramente surprendida.

— De Bertha?! Pois Bertha casa-se?!

— E em pouco tempo.

— Com quem?

— Com o Clemente, o filho da minha ama, da Anna do Védor.

Gabriella permaneceu algum tempo calada, sem poder desviar os olhos de Jorge, como se quizesse devassar o que se passava no espirito do primo, ao dar-lhe em tom de indifferença aquella noticia.

— Bertha casa-se! — repetiu ella — E por sua vontade?

— Por certo. Quem a obrigaria?

— Parece-me incrivel. E que pensa o primo Jorge d'esse casamento?

— Acho-o tão natural, que fui eu proprio que fiz a proposta.

— A proposta do casamento?!

— Sim, a proposta do casamento.

— A Bertha?!

— Ao pae e a ella.

— E como te lembraste d'isso?

— Porque o Clemente me pediu.

— Ah! E condescendeste sem dificuldades?

— Porque não?

— E Bertha tambem aceitou sem objecções?

— Sim, sem grande hesitação.

Jorge respondia a esta serie de perguntas d'uma maneira constrangida, como quem anciava por libertar-se depressa do inquerito. Nunca olhára directamente para a baroneza, que pelo contrario não tirava d'elle os olhos, nem perdia os signaes de turbação com que elle lhe respondia.