A baroneza a ninguem participou, além de Jorge a sua partida para Lisboa. Havia muito tempo que os principaes preparativos estavam feitos, e por isso o movimento dos criados, que lhe executaram as ultimas ordens, não se tornou notado.
Na vespera, á noite, Gabriella demorou-se mais tempo no quarto do tio e deu-lhe a entender que brevemente teria de deixal-o por alguns dias, porque a sua presença era necessaria em Lisboa, mas que voltaria e que seria então para demorar-se mais tempo.
D. Luiz mostrou a mesma opposição a este projecto que já por vezes manifestara; mas a baroneza d'esta vez insistiu mais e obrigou-o a conformar-se com a ideia de uma proxima separação.
Na manhã seguinte, ás horas a que o velho fidalgo costumava receber a primeira visita matinal da sobrinha estava elle já impaciente, porque ella lhe tardava.
Já mais do que uma vez erguêra os olhos para o mostrador do relogio fronteiro, e espreitára atravez das cortinas para a altura do sol, e de cada vez que fizera esta observação, acabára-a suspirando.
O pobre doente tinha tanta necessidade de fallar com Gabriella! Havia nada menos do que um longo e complicado sonho a contar-lhe. E ella sem apparecer!
Depois de muito esperar, D. Luiz ouviu emfim mexer na chave da porta e voltou-se com ar de satisfação.
Mas a este vislumbre de esperança succedeu um movimento de impaciencia. Era frei Januario quem entrára.