d'ella mais fructos do que das paginas dos livros elementares, que anciosamente consultava.
A estas cogitações veio emfim arrancal-o a chegada de Mauricio, já quasi ao fechar da tarde.
Mauricio, logo que transpôz a porta, arremessou o chapéo sobre a mesa com certa vivacidade de movimentos, que trahia uma profunda agitação. Atravessou silenciosamente o quarto com passos apressados, sentou-se ou antes deixou-se cahir sobre uma cadeira, e correu a mão por a fronte, sacudindo para traz os cabellos com um movimento febril.
Jorge, que percebeu em todos estes signaes um dos costumados frenesis do irmão, interrogou-o:
--Que é isso, Mauricio? Que é o que tens? Que te succedeu lá por fóra?
--Deixa-me, Jorge--respondeu Mauricio, levantando-se outra vez e pondo-se a passear no quarto.--Se soubesses como eu venho suffocado de raiva?
--Contra quem?
--Contra esta canalha d'esta gente do campo. Uns miseraveis insolentes que lançam a lama suja, onde nasceram e vivem, á face da gente com o mais intoleravel arrojo! Mas eu esmago-os com a sola da bota!
--Bom! Temos bravatas de fidalguia! Esses arreganhos de senhor feudal hoje são de mau gosto, Mauricio. Olha que já passou o tempo d'elles.
--É sempre tempo de castigar um insolente. O essencial é que se tenha sangue nas veias e pundonor no coração.
--E sangue tambem no coração--emendou Jorge, sorrindo.--Olha que tambem é lá preciso.
--Não rias, Jorge! Por quem és!--tornou o irmão despeitado.--Bem vês que fallo seriamente.
--Então conta-me tudo. Receio que haja ahi alguma das tuas exagerações.
--Não exagero. Esta manhã fui caçar, como sabes. Corri o monte com pouca felicidade; os cães pareciam ter perdido o faro. Voltava já para casa sem esperança, quando, alli pela Quebrada do Moinho, levantaram-se-me quatro codornizes; atiro-lhes, mas mal as feri. Ellas se-