cando olhares de intelligencia sobre o aspecto carrancudo do padre.
Ao erguer-se da mesa, D. Luiz disse para o filho mais velho:
—O snr. frei Januario já está informado do que hoje se combinou. Ámanhã elle que tenha a bondade de te dar os conselhos precisos.
E depois de uma sêca «boa noite», D. Luiz sahiu da sala.
Os filhos levantaram-se para tambem se retirarem.
Jorge interrogou o padre:
—A que horas quer que o procure ámanhã, snr. frei Januario?
—A que horas?… Ah!… sim… isso… eu sei?… A coisa não é de pressa… Se não fôr ámanhã…
—Ha de ser ámanhã—atalhou Jorge.
—Ha de ser! Essa é boa! Sabe lá da minha vida? Ha de ser! Tem graça.
—Não lhe tirarei muito tempo. Socegue. Quero só que me passe os livros e os papeis.
—Os livros!… e os papeis… Mas para que?
—Porque d'ámanhã em diante tomo conta d'elles.
—Eu não me entendo com criancices. Na verdade o snr. D. Luiz fez-me o que eu nunca esperei d'elle. É bem custoso receber tal paga no fim de tantos annos de serviço! E então que patetices! Attender aos caprichos de uma criança em coisas tão sérias como estas! E sabe que mais, snr. Jorge? Eu não tenho vagar nem paciencia para me pôr agora a ensinar meninos.
Mauricio ia a responder, talvez com aspereza, mas Jorge atalhou-o, dizendo:
—Mas quem lhe falla em ensinar? Quem lhe pede lição ou conselho?
—Então para que me procura ámanhã?
—Para que me dê os livros e mais documentos relativos á gerencia da casa, e me preste os esclarecimentos que eu lhe pedir. Não são perguntas de discipulo…
—Percebo o que quer dizer na sua, são de juiz.
—Não. Quem o suppõe réo? Não, senhor. É apenas