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OS MAIAS
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elle, encontrára a mesma abstracção radiosa, impacientou-se:

— Homem, falle, diga alguma coisa!... Você está hoje com um ar extraordinario, um arzinho de beato que se regalou de papar o Santissimo!

Todos em redor, com sympathia, se affirmaram em Carlos: Villaça achava-lhe agora melhor cara, côr d’alegria: D. Diogo, com um ar entendido, sentindo mulher, invejou-lhe os annos, invejou-lhe o vigor. E Affonso reenchendo o cachimbo olhava o neto, enternecido.

Carlos ergueu-se immediatamente, fugindo áquelle exame affectuoso.

— Com effeito, disse elle, espreguiçando-se de leve, tenho estado hoje languido e mono... É o começo do verão... Mas é necessario sacudir-me... Quer você fazer uma partida de bilhar, ó marquez?

— Vá lá, homem. Se isso o resuscita...

Foram, Ega seguiu-os. E apenas no corredor o marquez parando, e como recordando-se, perguntou sem rebuço ao Ega noticias dos Cohens. Tinham-se encontrado? Estava tudo acabado? Para o marquez, uma flôr de lealdade, não havia segredos: Ega contou-lhe que o romance findára, e agora o Cohen, quando o cruzava, baixava prudentemente os olhos...

— Eu perguntei isto, disse o marquez, porque já vi a Cohen duas vezes...

— Onde? foi a exclamação sôfrega do Ega.