Página:Os Maias - Volume 2.pdf/148

Wikisource, a biblioteca livre
138
OS MAIAS

— No Price, e sempre com o Damaso. A ultima vez foi já esta semana. E lá estava o Damaso, muito chegadinho, palrando muito... Depois veio sentar-se um bocado ao pé de mim, e sempre d’olho n’ella... E ella de lá, com aquelle ar de lambisgoia, de luneta n’elle... Não havia que duvidar, era um namoro... Aquelle Cohen é um predestinado.

Ega fez-se livido, torceu nervosamente o bigode, terminou por dizer:

— O Damaso é muito intimo d’elles... Mas talvez se atire, não duvido... São dignos um do outro.

No bilhar, emquanto os dois carambolavam preguiçosamente, elle não cessou de passear, n’uma agitação, trincando o charuto apagado. De repente estacou em frente do marquez, com os olhos chammejantes:

— Quando é que você a viu ultimamente no Price, essa torpe filha d’Israel?

— Terça-feira, creio eu.

O Ega recomeçou a passear, sombrio.

N’esse instante Baptista, apparecendo á porta do bilhar, chamou Carlos em silencio, com um leve olhar. Carlos veio, surprehendido.

— É um cocheiro de praça, murmurou Baptista. Diz que está alli uma senhora dentro d’uma carruagem que lhe quer fallar.

— Que senhora?

Baptista encolheu os hombros. Carlos, de taco