aceno... Um desprezo brutal, um desprezo grosseiro... Eu nem devia ter vindo... Mas não pude, não pude!... Quiz saber o que lhe tinha feito. O que é isto? Que lhe fiz eu?
Carlos percebia os olhos d’ella, faiscantes sob a nevoa de lagrimas retidas, supplicando e procurando os seus. E sem coragem sequer de a fitar, murmurou, torturado:
— Realmente, minha amiga... As coisas fallam bem por si, não são necessarias explicações.
— São! É necessario saber se isto é uma coisa passageira, um amuo, ou se é uma coisa definitiva, um rompimento!
Elle agitava-se no seu canto, sem achar uma maneira suave, affectuosa ainda, de lhe dizer que todo o seu desejo d’ella findára. Terminou por affirmar que não era um amuo. Os seus sentimentos tinham sido sempre elevados, não cahiria agora na pieguice de ter um amuo...
— Então é um rompimento?...
— Não, tambem não... Um rompimento absoluto, para sempre, não...
— Então é um amuo? Porquê?
Carlos não respondeu. Ella, perdida, sacudiu-o pelo braço.
— Mas falle! Diga alguma coisa, santo Deus! Não seja cobarde, tenha a coragem de dizer o que é!
Sim, ella tinha razão... Era uma cobardia, era uma indignidade, continuar alli, gôchemente, dissimulado