Página:Os Maias - Volume 2.pdf/278

Wikisource, a biblioteca livre
268
OS MAIAS

aos bellos lusitanos... E cahiu a espiga ao Maia! Pobre palerma! Ainda assim o Maia só apanhou os restos d’outro, porque a typa, já antes d’elle se enfeitar, tinha pandegado á larga, ahi para a rua de S. Francisco, com um rapaz da fina, que se safou tambem, porque cá como nós só aprecia a bella hespanhola. Mas não obsta a que o Maia seja traste! — Pois se assim é, dissemos nós, cautelinha, porque o diabo cá tem a sua Corneta preparada para cornetear por esse mundo as façanhas do Maia das conquistas. Ora viva, Maia!»

Carlos ficou immovel entre as acacias, com o jornal na mão, no espanto furioso e mudo d’um homem que subitamente recebe na face uma grossa chapada de lôdo! Não era a cólera de vêr o seu amor assim aviltado na publicidade chula d’um jornal sordido: era o horror de sentir aquellas phrases em calão, pandilhas, afadistadas, como só Lisboa as póde crear, pingando fetidamente, á maneira de sebo, sobre si, sobre Maria, sobre o esplendor da sua paixão... Sentia-se todo emporcalhado. E uma unica idéa surgia através da sua confusão — matar o bruto que escrevera aquillo.

Matal-o! Ega sustára a tiragem da folha, Ega pois conhecia o folliculario. Nada importava que aquelles numeros, que tinha na mão, fossem os unicos impressos. Recebera lama na face. Que a injuria fosse espalhada nas praças n’uma profusa publicidade ou lhe fosse atirada só a elle escondidamente