Estavam á porta do botequim — e precisamente o snr. Guimarães sahia, com o chapéo sobre o olho, de charuto accêso, abotoando a sobrecasaca. Alencar lançou a apresentação, com immensa gravidade:
— O meu amigo João da Ega... O meu velho amigo Guimarães, um bravo cá dos nossos, um veterano da Democracia.
Ega acercou-se d’uma mesa, puxou cortezmente um banco para o veterano da Democracia, quiz saber se elle preferia cognac ou cerveja.
— Tomei agora o meu grog de guerra, disse o snr. Guimarães com seccura, tenho para toda a noite.
Um criado dava uma limpadella lenta sobre o marmore da mesa. Ega ordenou cerveja. E directamente, largando o charuto, passando a mão pelas barbas a retocar a magestade da face, o snr. Guimarães começou com lentidão e solemnidade:
— Eu sou tio do Damaso Salcede, e pedi aqui ao meu velho amigo Alencar para me apresentar a v. exc.ª, com o fim de o intimar a que olhe bem para mim e que diga se me acha cara de bebedo...
Ega comprehendeu, atalhou logo, cheio de franqueza e bonhomia:
— V. exc.ª refere-se a uma carta que seu sobrinho me escreveu...
— Carta que v. exc.ª dictou! Carta que v. exc.ª o forçou a assignar!
— Eu?...