Página:Os Maias - Volume 2.pdf/37

Wikisource, a biblioteca livre
OS MAIAS
27

— Então temol-o por companheiro, Maia? Teremos esse grande prazer, Maia?

Carlos contou rapidamente que viera apenas apertar a mão ao pobre Damaso, de jornada para Penafiel, por causa da morte do tio.

Debruçado da portinhola, com as mãos de fóra calçadas de negro, o pobre Damaso estava saudando a senhora condessa, gravemente, funebremente. E o bom Gouvarinho não quiz deixar de lhe ir dar logo o seu shake-hands e o seu pezame.

Sósinho n’esse curto instante com a condessa, Carlos murmurou apenas:

— Que ferro!

— Este maldito homem! exclamou ella, entre dentes, com um olhar que fuzilou através do véo. Tudo tão bem arranjado, e á ultima hora teima em vir!...

Carlos acompanhou-os até ao reservado, n’um outro wagon que se estivera mettendo de novo para s. exc.ª A condessa tomou o lugar do canto junto da portinhola. E como o conde, n’um tom de polidez acida, a aconselhava a que se sentasse antes com o rosto para a machina, ella teve um gesto de aborrecimento, atirou o ramo para o lado desabridamente, enterrou-se com mais força na almofada; e um duro olhar de colera passou entre ambos. Carlos, embaraçado, perguntava:

— Então vão com demora?

O conde respondeu, sorrindo, disfarçando o seu mau humor: