Página:Os Maias - Volume 2.pdf/421

Wikisource, a biblioteca livre
OS MAIAS
411

— Então que é?

Ega, com um gesto, indicou fóra o escrevente que podia escutar. O procurador abriu a porta, gritou ao rapazola que voasse ao Hotel Pelicano pedir ao snr. visconde do Torral a fineza de esperar meia hora... Depois, fechada a porta no ferrolho, foi a mesma exclamação anciosa:

— Então que é?

— É um horror, Villaça, um grande horror... Nem eu sei por onde hei de começar.

Villaça, já muito pallido, pousou lentamente o guardachuva sobre a mesa.

— É duello?

— Não... É isto... Você sabia que o Carlos tinha relações com uma snr.ª Mac-Gren que veio o inverno passado a Portugal, ficou ahi?...

Uma senhora brazileira, mulher d’um brazileiro, que passára o verão nos Olivaes?... Sim, Villaça sabia. Fallára até n’isso com o Eusebiosinho.

— Ah, com o Eusebio?... Pois não é brazileira! É portugueza, e é irmã d’elle!

Villaça cahiu para o canapé, batendo as mãos n’um assombro.

— Irmã do Eusebio!

— Qual do Eusebio, homem!... Irmã de Carlos!

Villaça ficára mudo, sem comprehender, com os olhos terrivelmente arregalados para o outro, que se movia pelo cubiculo, repetindo: «irmã! irmã legítima!» Ega por fim sentou-se no canapé de