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OS MAIAS

diante d’um tabellião, o que tenciono logo que esteja melhor. E de tudo, se eu vier a morrer, o que Deus não permitta, peço perdão a minha filha. E assigno com o meu nome de casada — Maria Monforte da Maia

Ega ficou a olhar para o Villaça. O procurador só pôde murmurar, com as mãos cruzadas sobre a mesa:

— Que bolada! Que bolada!

Então Ega ergueu-se. Bem! Agora tudo se simplificava. Havia unicamente a entregar aquelle documento a Carlos, sem commentarios. Mas o Villaça coçava a cabeça, retomado por uma duvida:

— Eu não sei se este papelinho faria fé em juizo...

— Qual fé, qual juizo! exclamou Ega violentamente. É o bastante para que elle não torne a dormir com ella!...

Uma pancada timida na porta do cubiculo fêl-o estacar, inquieto. Desandou a chave. Era o escrevente, que segredou através da frincha:

— O snr. Carlos da Maia ficou agora lá em baixo no carrinho quando eu entrei, perguntou pelo snr. Villaça.

Houve um pânico! Ega, atarantado, agarrára o chapéo do Villaça. O procurador atirava ás mãos ambas, para dentro d’uma gaveta, os papeis da Monforte.

— É talvez melhor dizer que não está, lembrou o escrevente.