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OS MAIAS
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aqui... Naturalmente ficou lá fóra... Bem, se fôr necessario alguma coisa...

Mal elle sahiu, atirando ainda os olhos inquietos pelos cantos, Carlos fechou violentamente o reposteiro. E voltando para o Ega, cahindo pesadamente n’uma cadeira:

— Dize lá!

Ega, sentado no sofá, começou por contar o encontro com o snr. Guimarães, em baixo no botequim da Trindade, depois de ter fallado o Rufino. O homem queria explicações sobre a carta do Damaso, sobre a bebedeira hereditaria... Tudo se aclarára, ficando d’ahi entre elles um começo de familiaridade...

Mas o reposteiro mexeu de leve — e surdiu de novo a face do Villaça:

— Peço desculpa, mas é o meu chapéo... Não o acho, havia de jurar que o deixei aqui...

Carlos conteve uma praga. Então Ega procurou tambem, por traz do sofá, no vão da janella. Carlos, desesperado, para findar, foi vêr entre os cortinados da cama. E Villaça, escarlate, afflicto, esquadrinhava até a alcova do banho...

— Um sumiço assim! Emfim, talvez me esquecesse na ante-camara!... Vou vêr outra vez... O que peço é desculpa.

Os dois ficaram sós. E Ega recomeçou, detalhando como Guimarães, duas ou tres vezes nos intervallos, lhe viera fallar de coisas indifferentes, do sarau, de politica, do papá Hugo, etc. Depois