nos dentinhos miudos, uma ternura nos bellos olhos azues, vendo-o assim tão grave e tão mudo, pensando que elle ia brincar, fazer «voz de Carlos Magno». Tinha o mesmo sorriso da mãi, com a mesma covinha no queixo. Carlos viu n’ella de repente toda a graça de Maria, todo o encanto de Maria. E arrebatou-a de novo nos braços, tão violentamente, com beijos tão bruscos no cabello e nas faces, que Rosa estrebuchou, assustada e com um grito. Soltou-a logo, n’um receio de não ter sido casto... Depois, muito sério:
— Onde está a mamã?
Rosa coçava o braço, com a testasinha franzida:
— Apre!... Magoaste-me.
Carlos passou-lhe pelos cabellos a mão que ainda tremia.
— Vá, não sejas piegas, a mamã não gosta. Onde está ella?
A pequena, aplacada, já contente, pulava em redor, agarrando nos pulsos de Carlos para que elle saltasse tambem...
— A mamã foi deitar-se... Diz que está muito cansada, depois chama-me a mim preguiçosa... Vá, salta tambem. Não sejas mono!...
N’esse instante, do corredor, miss Sarah chamou:
— Mademoiselle!...
Rosa pôz o dedinho na bôca cheia de riso:
— Dize-lhe que não estou aqui! A vêr... Para a fazer zangar!... Dize!