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OS MAIAS
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— Sim, bonitinha... Faz ahi a felicidade d’um rapazote sympathico, chamado Barroso.

— O quê, o Damaso, coitado!...

— Sim, coitado, coitadinho, coitadissimo... Mas como vês, immensamente ditoso, até tem engordado com a perfidia!

Carlos parára. Olhava, pasmado para as varandas extraordinarias d’um primeiro andar, recobertas, como em dia de procissão, de sanefas de pano vermelho onde se entrelaçavam monogrammas. E ia indagar — quando, d’entre um grupo que estacionava ao portal d’esse predio festivo, um rapaz d’ar estouvado, com a face imberbe cheia d’espinhas carnaes, atravessou rapidamente a rua para gritar ao Ega, suffocado de riso:

— Se você for depressa ainda a encontra ahi abaixo! Corra!

— Quem?

— A Adosinda!... De vestido azul, com plumas brancas no chapéo... Vá depressa... O João Elyseu metteu-lhe a bengala entre as pernas, ia-a fazendo estatelar no chão, foi uma scena... Vá depressa, homem!

Com duas pernadas esguias o rapaz recolheu ao seu rancho — onde todos, já calados, com uma curiosidade de provincia, examinavam aquelle homem de tão alta elegancia que acompanhava o Ega, e que nenhum conhecia. E Ega, no emtanto, explicava a Carlos as varandas e o grupo:

— São rapazes do Turf. É um club novo, o