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OS MAIAS
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verdade que não ha apostas... Mas é verdade tambem que não ha publico...

Maria Eduarda ria, alegremente.

— Mas então?

— Vêem-se entrar os navios, minha senhora...

Damaso protestava, com as orelhas vermelhas. Era realmente querer dizer mal á força... Não senhor, não senhor!... Eram muito boas corridas. Tal qual como lá fóra, as mesmas regras, tudo...

— Até na pesagem, acrescentou elle muito sério, fallamos sempre inglez!

Repetiu ainda que as corridas eram chics. Depois não achou mais nada: — e fallou de Penafiel, onde chovera sempre tanto que elle vira-se forçado a ficar em casa, estupidamente, a lêr...

— Uma massada! Ainda se houvesse alli umas mulheres para ir dar um bocado de cavaco... Mas qual! Uns monstros. E eu, lavradeiras, raparigas de pé descalço, não tolero... Ha gente que gosta... Mas eu, acredite v. exc.ª, não tolero...

Carlos corára: mas Maria Eduarda parecia não ter ouvido, occupada a contar attentamente as malhas do seu bordado.

De repente Damaso recordou-se que tinha alli um presentinho para a snr.ª D. Maria Eduarda. Mas não imaginasse que era alguma preciosidade... Verdadeiramente até o presente era para Mademoiselle Rosa.

— Olhe, para não estar com mysterios, sabe o